REAPARECE O RARO DE TOMASO PANTERA GTS ‘TONY MANTAS PROTOTIPO’

No recente leilão da Artcurial em Paris foi vendida uma peça muito particular, embora pouco conhecida inclusive para os entusiastas mais fervorosos da marca fundada por Alessandro de Tomaso. O que é bastante incomum, pois conta com uma das configurações mais extravagantes e chamativas de toda a produção do esportivo italiano, o De Tomaso Pantera GTS ‘Tony Mantas Prototipo’.
Apesar de sua raridade, este exemplar do De Tomaso Pantera GTS foi anunciado e vendido com a maior discrição - algo impróprio para as peculiares características do modelo - no mesmo leilão onde também foi colocada à venda a impressionante coleção de monstros do Grupo B do museu Manoir de l’Automobile. Uma pequena coleção completa de verdadeiros esportivos de competição da época mais gloriosa do mundo dos rallys, com peças como o Audi Sport Quattro S1 E2, o Lancia Delta S4, o Peugeot 205 T16 Evolution 2 e o Ford RS200, entre outros.
Foi o pessoal da publicação Autoevolution que percebeu a venda deste exemplar, do qual curiosamente não surgiu seu preço final, nem muito menos a identidade de seu novo proprietário. De modo que supomos que foi vendido de maneira posterior ao leilão, de forma totalmente privada.
O nome deste exemplar único dá a primeira pista de sua natureza e origem, pois foi criado a pedido do empresário Constantin ‘Tony’ Mantas, amigo pessoal do próprio Alessandro de Tomaso. Assim, a empresa do argentino decidiu criar este exemplar único dotado das características especiais solicitadas pelo empresário grego e que o tornam uma das unidades mais estranhas de toda a produção do esportivo de motor central.
Como podemos ver nas imagens fornecidas pela casa francesa de leilões, ele conta com um estranho kit de carroceria destinado a absorver eixos notavelmente mais largos e inúmeros retoques no exterior, mas todas estas modificações não foram resultado do pedido original, pois o empresário solicitou várias mudanças e novas modificações posteriormente à própria De Tomaso.
No exterior surgem arcos de rodas notavelmente alargados que originalmente respeitavam os painéis da carroceria original e foram substituídos posteriormente por um painel completamente novo realizado presumivelmente em fibra de vidro e que conta com estranhas linhas de expressão que ademais aparecem ressaltadas no tom preto. Na parte traseira notamos a ausência do para-choque e podemos ver a enorme largura dos eixos graças à nova distância que fica entre as lanternas, que conservam sua posição original, e as novas laterais, além dos enormes pneus que monta no eixo traseiro.
Na parte dianteira também surgem pequenas mudanças relacionadas com a nova largura dos eixos e algumas modificações na frente, que conta com novas superfícies planas ladeando a grade e um discreto spoiler central que duvidamos que tenha algum efeito aerodinâmico, pois termina contra uma superfície quase vertical. Nas laterais surgem os estranhos nervos de tom preto que desenham o contorno dos arcos de roda e as novas saias sobre as quais se encontram os adesivos com o nome da marca, mas não do modelo, pois Mantas solicitou expressamente não colocar os adesivos habituais com a insígnia ‘Pantera’.
Embora nas imagens mais antigas possamos ver como toda a zona inferior da carroceria e os arcos de roda eram de tom preto, em revisões posteriores na fábrica foram adotados os novos painéis laterais de cor branco e a estética atual, bem mais distante do design original do Pantera.
No habitáculo também surgem várias mudanças, como é o caso do painel e do console central totalmente revestidos de couro branco, outra das especificações solicitadas por Tony Mantas a Alessandro de Tomaso, e que contrasta enormemente com o couro de preto que reveste o resto do interior por completo, incluindo painéis de portas, bancos e volante.
Em sua última série de modificações foram instaladas inserções de madeira no painel, junto com um teto transparente e uma configuração em branco e vermelho, embora desses elementos já não reste nada, como tampouco as lâminas pretas que ocultavam o capô do motor e as lanternas traseiras circulares.
O histórico deste carro é bem curioso, pois embora Tony Mantas pusesse muito empenho em personalizar este exemplar e o tivesse utilizado durante vários anos, chegou certo momento que ele simplesmente enjoou do Pantera e o abandonou à sua própria sorte. Isso aconteceu em 1985, quando a polícia italiana apreendeu o esportivo por usar placas de licença inválidas e o empresário grego simplesmente não se preocupou em recuperá-lo jamais. De modo que após vários anos em poder da polícia acabou sendo leiloado em 1992 por esse órgão policial, sendo adquirido por um colecionador europeu. Como esperado, o exemplar se encontrava em péssimo estado e não foi restaurado até o ano de 2010, quando recuperou o aspecto que mostra agora.
Embora não possamos dizer que se trate de um exemplar especialmente atraente do De Tomaso Pantera, pois é inclusive mais estranho que as últimas versões lançadas pela marca, 20 anos depois de sua apresentação original e que pareciam simples exemplares ‘tuneados’, a verdade é que o De Tomaso Pantera GTS ‘Tony Mantas Prototipo’ não deixa de ser uma peça única e muito destacada da história da marca e do modelo, de modo que se trata de uma peça de coleção a ser considerada.