RENAULT 5 MIRAGE: O R5 MEXICANO QUE FEZ HISTÓRIA

A história do Renault 5 é extensa, especialmente quando este ano se celebra o 50º aniversário do seu lançamento em 1972. O utilitário francês ofereceu muitas versões, inclusive para modelos que eram vendidos em mercados específicos. Um exemplo disso é o Renault LeCar para o mercado norte-americano, do qual falamos há alguns dias. Hoje desvendamos o Renault 5 Mirage de 1976.
Este modelo, que estava estreitamente ligado ao R5 europeu, embora bebesse ligeiramente da fonte do LeCar americano, era fabricado no México e era comercializado diretamente naquele país. As vendas começaram oficialmente em 1976 e se estenderam até 1984, quando foi aposentado junto com o Renault 12. Hoje revelamos um pouco da história do Renault 5 mexicano.
Em janeiro de 1960, o governo do México proíbe a importação de carros de marcas que montavam veículos no país. Isso obrigava às marcas que quisessem vender neste mercado, que fabricassem seus produtos no país. A Renault era um dos interessados e decide buscar um parceiro que lhe permitisse seguir operando em solo mexicano. A marca do losango assina um contrato de licença para a montagem e venda de veículos com a empresa estatal Diesel Nacional, conhecida como DINA.
A Renault ajuda à DINA a adaptar sua planta, situada na Cidade de Sahagún, a cerca de 100 quilômetros ao noroeste da Cidade do México, para a montagem e fabricação de seus veículos. Muitos modelos seriam fabricados nessa fábrica, incluindo motores. Em 1971, Pierre Dreyfus, CEO da Renault entre 1955 e 1975, assina um acordo com Emilio Krieger Vásquez, diretor geral da DINA, para financiar a expansão da planta. Esta ampliação permitiria aumentar a capacidade de produção de 15.000 para 40.000 unidades anuais.
Em 1972 o Renault 5 é lançado na Europa, mas o modelo não cruza o Atlântico até três anos mais tarde. Em 1975, quase de forma simultânea à concepção do Renault LeCar, a filial mexicana da Renault perfila os detalhes do R5 específico para aquele país. No dia 8 de janeiro de 1976 começa de forma oficial a produção do Renault 5 nas novas instalações da fábrica da DINA.
Conhecido inicialmente como Renault 5, assim como o modelo europeu, o R5 mexicano exibia uma carroceria praticamente idêntica à do seu irmão europeu. Assim como o 5 TS francês, o modelo mexicano era equipado com o motor Cléon de 1.3 litros que desenvolvia inicialmente 56 cv e que logo elevou essa potência para 60 cv. No entanto, o acabamento que era comercializado no México era o TL europeu, enquanto que uma segunda versão menos equipada, conhecida como Custom, também estava disponível na linha.
A Renault México criou uma grande expectativa em torno do R5 em seu lançamento. Na publicidade da época era descrito como “O Esperado”, um carro que prometia “um novo estilo de vida” para os mexicanos e se jactava de ser o mais econômico do mercado. Tudo indicava que seria um grande sucesso comercial, mas a inflação que atingiu o país afetou negativamente a sua competitividade. Dos 9.056 Renault 5 fabricados em 1976 passou para 5.000 unidades em 1977.
Apesar deste solavanco, a Renault seguiu comercializando o modelo até 1979. Nesse ano se decide realizar uma reestruturação da linha. Assim, o modelo ficava dividido em duas versões. A primeira era padrão e seria conhecida como Renault 5. Esta, por sua vez, estava disponível em duas versões: a S com os bancos do R12 TS, e a L, que chegava para substituir a Custom.
Mas a grande novidade era a segunda versão: o Renault 5 Mirage. Esta versão se diferenciava por seus faróis, que eram um pouco menores e estavam localizados em uma posição mais profunda, preenchendo o espaço com uma moldura cromada como no LeCar. Os para-choques eram pretos e havia uma saia inferior na parte dianteira com a placa de matrícula. Também contava com rodas mais leves, proteções laterais, console tipo TS e um spoiler dianteiro.
O motor continuava sendo o Cléon de 1.3 litros, mas com sua potência elevada até os 61.3 cv, gerenciado por uma transmissão manual de 4 velocidades. Equipava um carburador Bocar 35 e tinha um peso aproximado vazio de 790 quilos. Além disso, era acompanhado de uma suspensão independente nas quatro rodas com barras de torsão e barras estabilizadoras.
Em 1981 surgia a versão Mirage LS, que integrava no equipamento de série bancos envolventes estofados em veludo e vinil, cintos de segurança, aquecimento e ventilação, desembaçador de para-brisas, retrovisor interno com duas posições e cinzeiros nos lugares traseiros. “O Mirage LS vem completamente equipado de fábrica sem custo extra”, informava um catálogo da época.
O Renault 5 Mirage mudaria de nome várias vezes entre 1979 e 1984, como Mirage S, LS e TX. No final de seu ciclo de vida, o R5 mexicano sofreu uma série de mudanças significativas, entre as quais se destacava a chegada do motor Cléon de 1.4 litros. Em março de 1984, a aliança Renault-DINA encerra a produção do R5 no México.