ROVER 75: A HISTÓRIA DE UM SEDAN BRITÂNICO DE LINHAS CLÁSSICAS

No dia 20 de outubro de 1998, foi apresentado o novo Rover 75 com grande pompa. O farol de esperança da marca britânica deveria estar à venda em meados de 1999.
Mas Bernd Pischetsrieder, naquela época CEO da BMW, que era a proprietária da Rover, criticou a atitude do Governo britânico em relação à ajuda financeira para a remodelação da planta da Rover em Longbridge e admitiu que a empresa britânica estava em crise.
A imprensa interpretou que a marca alemã não estava satisfeita com a contínuas perdas financeiras da Rover, de modo que pretendia fechá-la. Sem dúvida, isso desanimou muitos compradores potenciais, apesar da reação tão positiva suscitada pelo carro.
Na verdade, poderia competir muito favoravelmente com o Jaguar S-Type, que foi apresentado ao mesmo tempo. Olhando para trás alguns anos, a ideia básica do Rover 75 surgiu como parte de um grupo de três novos projetos para a empresa sob a direção de Richard Woolley: um sedan grande com o codinome ‘Flagship’, um veículo menor (com o codinome ‘Eric’) e o 75. Destes projetos, apenas o conceito 75 seguiu adiante.
Originalmente, o Rover 600 (lançado em abril de 1993) iria ser redesenhado, mas após a aquisição da marca pela BMW em 1994, decidiu-se rapidamente que este carro não continuaria no mercado, mas seria substituído por um modelo totalmente novo, cujo lançamento aconteceria no final dos anos 90, o Rover 75
O trabalho no novo 75, cujo codinome era R40, avançou sem interferências significativas da BMW: o projeto foi recebido com entusiasmo pela direção e ambas as empresas consideraram que o aspecto clássico seria a direção ideal para a Rover. O interior do 75 estava repleto de madeira e cromo.
Com 4.74 metros de comprimento, fez sua estreia no Salão de Birmingham e foi colocado à venda no dia 17 de junho de 1999, depois de ter sido amplamente testado pela imprensa especializada. Na Alemanha, os interessados receberam uma fita de vídeo com informações detalhadas sobre o carro.
Naquele momento o 75 dispunha de uma gama de motores a gasolina e diesel com uma cilindrada de 1.8 a 2.5 litros. Os blocos a gasolina eram de 4 cilindros da série K com 1.8 litros e o KV6, de 2.0 e 2.5 litros.
A mecânica de 2.0 litros foi suprimida posteriormente com a introdução do motor turbo de 1.8 litros por motivos de emissões. Também foi oferecido um motor diesel através do Grupo BMW.
Em julho de 2001, após a separação entre Rover e BMW, a marca britânica lançou a versão perua do 75 com a denominação Tourer. A tampa traseira era equipada opcionalmente com um vidro retrátil. Por outro lado, o belo 75 Coupe Concept ficou apenas como protótipo.
Agora falando das versões mais raras do 75. Em 2002 foi apresentada uma versão alongada, inicialmente com o nome Vanden Plas. Desenvolvida em colaboração com o fabricante de veículos S. MacNeillie & Son Limited em Walsall, Inglaterra, o modelo foi alongado 200 mm e foram modificadas as portas traseiras.
Só estava disponível na versão Connoisseur e foi produzido por MacNeillie en Longbridge. Este 75 alongado foi um veículo ministerial no governo britânico e Tony Blair teve acesso a um durante sua etapa como primeiro-ministro.
Na primavera de 2004, a Rover apresentou o facelift do 75, que incluía uma grade e um para-choque completamente novos, assim como faróis de uma só peça. A parte traseira também recebeu um novo para-choque com um puxador do porta-malas cromado redesenhado.
A renovada estética recebeu uma acolhida desigual por parte da imprensa automotiva, e a Rover anunciou o novo modelo V8 com uma grade completamente diferente apenas alguns meses mais tarde. Comenta-se que esta grade era inspirada em modelos V8 anteriores, mas causou certa irritação por parecer-se à do novo Audi de grande tamanho (apresentado posteriormente).
No Salão de Genebra de 2004, a Rover mostrou essa versão V8. Depois do MG ZT 260 lançado em 2003, este foi o primeiro Rover com motor V8 desde o desaparecimento do Rover SD1 em 1986. A plataforma foi amplamente redesenhada para receber o motor de 8 cilindros e 4.6 litros da Ford, incluindo um túnel de transmissão mais rígido e uma suspensão traseira específica.
Assim como o ZT 260, o 75 V8 era fabricado na linha de montagem normal. Era desmontado para serem realizadas as modificações estruturais necessárias e a instalação da transmissão V8, e voltava à linha de montagem para seu acabamento. Em vez da transmissão manual Tremec TR-3650 do MG ZT 260, o Rover 75 V8 era equipado com a caixa automática de 4 velocidades 4R75W da Ford.
Outras características incluíam quatro saídas de escape, emblemas especiais e para-choques ‘premium’. Foram fabricados 166 unidades do Rover 75, tanto sedan como Tourer, frente a 717 MG ZT 260, ou seja, um total de 883 veículos V8.
Exatamente 211.175 exemplares do Rover 75 foram produzidos até 2005, ano final do Grupo MG Rover. Após a insolvência da empresa, os planos de construção do Rover 75 foram vendidos à gigante chinesa Shanghai Automotive Industry Corporation (SAIC) e as linhas de produção com as máquinas foram parar na também chinesa Nanjing Automotive Company. Assim, o Roewe 750 continuou sendo fabricado na China até 2016.