SAAB 900 II: PODERÁ SER CONSIDERADO UM FUTURO CLÁSSICO?
Quando falamos de modelos ‘youngtimers’ ou ‘clássicos jovens’, rapidamente nos vem à mente os modelos alemães da Audi, BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen, ou os carros da Ford, Chevrolet e também os fabricantes franceses e japoneses, mas nunca pensamos nos modelos suecos.
Para muitos aficionados, o Saab 900 Cabriolet é um modelo de verdadeiro culto, convertido já em um clássico com todas as letras, mas a segunda geração do modelo, nascida no início dos anos 90, recebeu muitas críticas em seu lançamento, já que era considerado por muitos como um simples ‘Opel Vectra reencarroçado’.
A verdade é que este Saab 900 II contava com muita tecnologia da General Motors e da Opel, uma vez que no ano de 2000 o gigante americano havia adquirido 100% das ações da Saab, então a marca sueca fez um importante esforço para criar algo novo com os ingredientes que dispunha, já que sem a GM talvez não haveria existido um segundo Saab 900.
Assim como escreveu Martin Gollnick em ‘Saab 99, 90 & 900’, a Saab considerou durante um tempo limitar sua linha de modelos ao 9000, de maior tamanho, mas o antigo 900 seguia sendo popular, de modo que no ano de 1985 lançaram o projeto ‘X 67’ sobre a base do 9000, mas o resultado não convenceu, já que era caro. Então o futuro 900 acabou descarrilhando por completo.
No final do ano de 1989, a Saab-Scania desmembrou sua divisão automotiva, da qual a General Motors ficou com 50%, e finalmente a marca sueca teve à sua disposição a plataforma adequada para que o novo projeto 104 se convertesse finalmente no Saab 900 II no verão europeu de 1993, recorrendo a componentes do Opel Vectra.
No entanto, a Saab foi suficientemente inteligente para não fazer com que estes ingredientes comuns fossem muito evidentes. Em termos de design, o Saab 900 II (denominado internamente NG) se parecia com seu antecessor, incluindo o nariz inclinado.
O aspecto geral do novo 900, que era inclusive ligeiramente mais curto, com 4.64 metros, era mais contemporâneo e arredondado, com uma distância entre os eixos 8 centímetros maior. Mas mesmo 30 anos depois, a série de modelos parece moderna, quase atemporal.
No interior, o Saab era mais elegante que o Opel e companhia, e contava com uma escala especial para o velocímetro, ao estilo de um avião, com números grandes até 140 km/h e pequenos a partir de então. Além disso, os indicadores podiam ser atenuados em modo ‘noturno’, exceto o velocímetro.
E, claro, o cilindro de ignição permanecia no centro entre os bancos. A chave só podia ser extraída quando se engrenava a marcha à ré. Os propulsores eram de 4 cilindros aspirados de 2.0 litros e 133 cv, mais tarde com 130 cv, assim como um 2.3 litros aspirado com 150 cv. O 2.0 turbo com 185 cv e até 263 Nm de torque a partir de 2.100 rpm era a única versão autêntica para os entusiastas da Saab.
A General Motors e a Opel acrescentaram ao catálogo um motor V6 de 2.5 litros e 170 cv, cujo torque era inferior ao de 4 cilindros turbo. Aliás, era o único motor com correia de distribuição no 900 II.
Isso foi possível graças à instalação transversal dos motores, mas o V6 não brilhava em quase nenhum aspecto, exceto em consumo de combustível. Curiosamente, em 1995 a Associação Alemã do Automóvel (ADAC) lhe concedeu mais mérito por sua suavidade de marcha que os motores de 4 cilindros, ‘bastante toscos’, mas considerou que o V6 era mais difícil de conduzir devido ao seu maior peso.
Em geral, o V6 continuou sendo pouco comum, assim como a transmissão automática de 4 velocidades. Aliás, o Saab 900 II não teria um diesel na oferta até que se tornasse o Saab 9-3 em 1998, mas disso falaremos mais adiante.
Graças à grande tampa traseira, os modelos de três e cinco portas ofereciam 510 litros de porta-malas. Já em 1993, da fábrica da Valmet, na Finlândia, sairia o novo 900 Cabriolet, uma versão importante para o mercado norte-americano.
E embora hoje todo o mundo preste homenagem ao primeiro 900 conversível, seu sucessor era muito mais elegante, porque aqui o conversível fez parte do desenvolvimento desde o princípio.
O Saab 900 II foi sem dúvidas um sucesso. De acordo com Martin Gollnick, foram recebidos mais de 3.000 pedidos nos dez primeiros dias após sua apresentação, no dia 23 de julho de 1993. Até 1998 foram fabricados exatamente 273.568 unidades, uma cifra notável.
Então a Saab lançou o 9-3, visualmente muito similar. Supostamente haviam sido realizadas mais de 1.000 alterações, e foi mais bem-sucedido que o 900, com 326.370 unidades em apenas cinco anos, até 2003.