VOLKSWAGEN TERÁ FÁBRICA NA ARGÉLIA
Quase ao mesmo tempo em que o Grupo Volkswagen anuncia perto de 30.000 demissões na Europa, assina um acordo com as autoridades da Argélia para produzir veículos naquele país africano. O objetivo não é outro que abastecer a demanda local de veículos, e por enquanto não se pretende exportar, nem se trata de um deslocamento no sentido estrito do termo.
Foi criada uma joint-venture entre a Volkswagen e a SOVAC, o importador das marcas do grupo desde o ano de 2001. Está sendo construída uma fábrica em Relizane, a 220 quilômetros a oeste de Argel. O local tem 150 hectares e sua capacidade de produção será de 100 unidades por dia. A empresa alemã se ocupará também da formação da mão de obra, entre outras coisas.
Os veículos que começarão a sair da linha de montagem em março de 2017, serão os Volkswagen Golf e Caddy, o SEAT Ibiza e o Skoda Octavia. Andreas Lauenroth, responsável pelas plantas estrangeiras do Grupo Volkswagen, declarou que o objetivo é ter qualidade europeia na África, uma vez que seus carros poderão ser exportados perfeitamente para a UE no futuro.
O contrato foi assinado ontem (28/11), e estiveram presentes, entre outros, o Ministro de Indústria local, Abdessellam Bouchouareb, assim como Josef Baumert, membro do Conselho de Administração do conglomerado alemão. Esse acordo faz parte da estratégia de expansão da Volkswagen nesse continente.
A Argélia é um dos países do Magreb que mais vem crescendo na produção automobilística. Basta considerar esse dado: em 2015 foram produzidos 20.000 veículos, o que significa 15 vezes o volume de 2014. Em seguida estão o Egito, Marrocos e África do Sul, da menor para a maior produção na África. Outros países da região subsaariana estão negociando com vários fabricantes para estabelecer produção local.
O grupo fabricante líder, a Renault, se estabeleceu na Argélia em 2013, perto de Oran. Essa planta terá, em uma segunda fase, um volume de produção de 75.000 unidades por ano em relação aos 25.000 atuais. Essa fábrica se dedica à produção de modelos da Dacia e da Renault para o mercado local, onde as marcas dominam. Os clientes locais preferem as marcas francesas pela disponibilidade de peças de reposição.
O Magreb é, além da África do Sul, o principal polo industrial do continente. Países como Marrocos e Egito estão vendo o despertar de suas economias em um contexto de modernidade, e a situação só não é melhor pela instabilidade política de países vizinhos, especialmente a partir de 2011.
Emerge nesses países uma classe média que pode comprar carros novos, reduzindo a elevada idade do parque automobilístico, abastecido em enorme quantidade por carros de produção francesa. É mais interessante para esses países produzir localmente, embora um volume pequeno, do que trazer os carros do exterior. Para conseguir uma produção local eficiente deve existir um parque mínimo de fornecedores, outro setor que está em alta na África.
A Volkswagen já possui duas fábricas operando no continente africano. Em Uitenhage (África do Sul) se encontra uma planta perto de Port Elizabeth. A produção teve início em 1951 com o Fusca, e foi considerada a melhor planta da Volkswagen no mundo em 2015. Por outro lado, no Quênia será produzido em breve o Polo Vivo, um modelo que também é produzido na África do Sul, mas chegará parcialmente montado de fora.
Curiosamente, o Polo Vivo substituiu o Citi Golf (nas imagens abaixo), que foi produzido por mais de 30 anos e lembrava muito o Golf MKII por sua grade dianteira, embora na realidade fosse baseado na primeira geração do compacto. Para essa substituição de geração foram investidos 140 milhões de euros. Também se aproveitou a modernização para depender muito menos do exterior para conseguir componentes.
O Polo Vivo de produção sul-africana é baseado na geração anterior, a 9N. Assim como em outros países em desenvolvimento, como o Brasil, a Índia e a China, a Volkswagen não se esmerou muito em oferecer exatamente os modelos mais modernos, já que cumprem com a regulamentação local e estão mais que amortizados. Mas isso está começando a mudar, conforme se afinam os gostos e as economias locais.