Sob o signo de escorpião, Karl Abarth nasceu na Áustria em 15 de novembro de 1908, dando início ao homem, ao mito e à marca de preparação mais conhecida no segmento de pocket rocket da Europa. Desde sua chegada aos autódromos, o mundo das corridas nunca mais foi o mesmo.
Ainda jovem, em 1928, Karl Abarth trabalhou na fábrica Moto Thun, no início como mecânico, depois como preparador. Foi nesse momento que ele teve sua grande chance, ao substituir um piloto lesionado. Abarth surgiu nas pistas, ainda jovem, como piloto de motocicletas no Grande Prêmio da Áustria. O recém-chegado piloto substituto se classificou à frente dos melhores nomes da época. Na verdade, Karl obteve o melhor tempo... duas vezes.
Sua ascensão como piloto profissional de duas rodas mudou de rumo após um grave acidente. Por recomendações de amigos e familiares, Abarth abandonou o mundo das duas rodas e... partiu para a corrida de side-cars. Ele ampliou o desempenho e a fama desse tipo de veículo graças às suas habilidades mecânicas, como piloto e até no mundo do marketing. Karl Abarth acabou embarcando em uma missão aparentemente impossível: desafiar e superar o Expresso do Oriente no percurso de 1.372 km entre Ostende (Bélgica) e Paris (França). Ele ganhou o desafio, claro.
Durante a 2ª Guerra Mundial, Karl Abarth se mudou para a Itália, obtendo cidadania italiana em troca pelas suas vitórias esportivas. Mais um grande acidente, dessa vez quase fatal, encerrou suas aventuras, agora nos modelos de três rodas. Paralelamente, Abarth se dedicou aos motores de carros e, com muitas vitórias graças aos seus motores preparados, ele fundou, em 1949, a equipe de corrida Abarth&Co. A equipe Abarth recebeu os melhores pilotos da época, incluindo nomes como Vignale, Romano e até o lendário Tazio Nuvolari.
Sob o Escorpião, que era emblema da empresa e signo de Karl, a equipe ganhou tudo o que era possível, mas os custos ficaram altos de mais para se manter. Mas, como sempre, Abarth encontrou um jeito. Para tornar a empresa vencedora, fora das pistas de corrida, Karl Abarth criou o primeiro kit de modificação para o câmbio e escapamento do Fiat Topolino, um sucesso da Fiat na Europa. Com tantos Topolinos no mercado, o kit Abarth foi aceito de imediato, permitindo que qualquer pessoa transformasse seu próprio Topolino em um carro mais rápido, e mais esportivo.
O habilidoso modificador trabalhou em uma variedade de modelos que imediatamente começaram a registrar suas primeiras vitórias em corridas. Um desses carros foi o extremamente bem sucedido Abarth 204 baseado no sedã Fiat 1100. Nos anos 1950, foram feitos os primeiros contatos oficiais com as principais montadoras italianas: Fiat, Ferrari e Alfa Romeo.
O ano de 1959 viu o nascimento do Fiat 500, o carro dos jovens, dos amantes da liberdade e da velocidade. Era um carro compacto e acessível, gostoso de dirigir e que, obviamente, se tornou um sucesso de vendas. Abarth, com o Fiat 500, literalmente democratizou os carros de corrida. E esse sucesso baseado no Cinquecento permitiu que Abarth atraísse o interesse da Fiat. A aquisição da Abarth pela Fiat, contudo, iria ocorrer tempos depois, em 1971.
As vitórias foram numerosas, e a palavra “Abarth” entrou no vocabulário como sinônimo de performance, modificação e espírito vencedor. Foi o tempo de expressões como “É um avião: Não! É um Abarth!” ou “Um café forte, por favor; bem, quero dizer, um café Abarth”, dentre outras. A expressão “pequeno, mas furioso”, que atualmente é comum, foi cunhada para o compacto Fiat 500 Abarth. Esse casamento gerou mais de 900 vitórias e seis recordes mundiais de velocidade entre os anos de 1958 e 1965.
Os sucessos dos anos 1970 foram as últimas vitórias que Karl Abarth pode desfrutar. Embora fosse um vencedor por natureza, acostumado a vencer qualquer um ou qualquer coisa, ele finalmente encontrou um desafio que não pudesse superar. Abarth faleceu em 23 de outubro de 1979, novamente sob o signo de Escorpião, o mesmo de seu nascimento.