A Compagnie Nationale Excelsior foi um fabricante de automóveis belga que marcou a indústria automotiva entre 1903 e 1929, destacando-se pela qualidade, inovação e design sofisticado. Fundada por Arthur de Coninck em Bruxelas, a Excelsior rapidamente se consolidou como uma das marcas mais prestigiadas da Europa, rivalizando com gigantes como Rolls-Royce e Hispano-Suiza.
Origens e Primeiros Anos (1903 - 1910)
A Excelsior começou suas operações em 1903, inicialmente utilizando motores franceses Aster, uma prática comum na época para novas montadoras. Em 1904, a empresa lançou seus primeiros modelos, já demonstrando atenção à qualidade e acabamento. A partir de 1907, a Excelsior passou a desenvolver seus próprios motores e transmissões, um marco que evidenciava sua ambição técnica. Esses primeiros veículos, embora simples, começaram a atrair a atenção de uma clientela abastada, incluindo a Família Real Belga, que mais tarde se tornaria patrona da marca.
Auge e Inovações (1910 - 1920)
Durante a segunda década do século XX, a Excelsior consolidou sua reputação com modelos robustos e elegantes. A empresa investiu em tecnologias avançadas para a época, como motores de 4 e 6 cilindros, e começou a colaborar com encarroçadores renomados, como Snutsel, para criar carrocerias personalizadas que combinavam luxo e desempenho. A Excelsior também se destacou em competições, com participações em eventos automobilísticos que reforçavam sua imagem de confiabilidade.
O lançamento do modelo Adex em 1920 foi um divisor de águas. Equipado com um motor de 6 cilindros e freios de quatro rodas com assistência de servo Dewandre, o Adex foi um dos primeiros carros a oferecer essa tecnologia, garantindo maior segurança e controle. Esse modelo serviu de base para o icônico Albert I, que se tornaria o carro-chefe da marca.
O Excelsior Albert I e o Reconhecimento Internacional (1920 - 1929)
O Excelsior Albert I, lançado em 1922, foi o ápice da engenhosidade da empresa. Nomeado em homenagem ao rei Alberto I da Bélgica, o modelo combinava um motor de 5.3 litros, 130 cv e design sofisticado, alcançando velocidades de até 145 km/h. Sua participação nas 24 Horas de Le Mans de 1923, onde dois Albert I conquistaram a 6ª e a 9ª posições, consolidou a Excelsior como uma marca de alto desempenho. A aquisição de um Albert I pela Família Real Belga trouxe ainda mais prestígio, posicionando a Excelsior como sinônimo de exclusividade.
Os carros da Excelsior eram frequentemente personalizados, com carrocerias assinadas por encarroçadores de elite, o que tornava cada unidade quase única. Modelos como o Albert I Roadster e o Coupé de Ville eram admirados por sua estética e engenharia, atraindo colecionadores e entusiastas.
Declínio e Fusão com a Impéria (1929 - 1932)
Apesar do sucesso técnico e comercial, a Excelsior enfrentou dificuldades financeiras na década de 1920, agravadas pela crise econômica global. A produção de carros altamente personalizados e de baixa escala tornava a operação custosa, e a concorrência com marcas maiores se intensificava. Em 1929, a Excelsior foi adquirida pela Impéria, outro fabricante belga. A Impéria continuou a usar o nome Excelsior em alguns modelos até 1932, mas a marca original perdeu sua identidade distinta, encerrando sua trajetória como empresa independente.
Legado
Embora a Excelsior tenha deixado de existir como marca independente, seu impacto na história automotiva permanece. Seus carros, especialmente o Albert I, são hoje peças raras e valorizadas em coleções e museus, como o Autoworld em Bruxelas. A Excelsior é lembrada como um símbolo da engenhosidade belga, combinando inovação técnica, design elegante e um toque de exclusividade que a tornou comparável às maiores marcas de sua era.
A história da Excelsior é um testemunho da ambição de uma pequena nação em competir no cenário global da indústria automotiva, deixando um legado que ainda inspira entusiastas de carros clássicos em todo o mundo.