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Nem todo mundo consegue realizar os seus sonhos, mas não foi o caso de Ettore Bugatti, que em 1909 se mudou para Molsheim com sua família para fundar a sua própria empresa e escrever parte da história dos automóveis. 110 anos depois a Bugatti celebra orgulhosamente o seu aniversário. A marca de automóveis esportivos de luxo não podia ter um cenário mais adequado do que a 44ª edição do Rétromobile para comemorar essa data tão importante. Na área da Bugatti, os visitantes da Paris Expo Porte de Versailles podem observar o Bugatti Type 55 e o Bugatti EB110 GT.

“Os Bugatti Type 55 de 1932 e o Bugatti EB110 Gran Turismo de 1994 estão expostos no Rétromobile e representam diferentes épocas da nossa história que orgulhosamente abraçamos na sua totalidade. Através de todo o sucesso, mas também dos desafios que acompanharam a nossa marca ao longo dos 110 anos, foi por eles que nos tornamos o que somos hoje”, declarou o CEO da Bugatti, Stephan Winkelmann. “Ambas as lendas Bugatti são ótimos exemplares dos nossos hiperesportivos clássicos e ambos são agora objetos colecionáveis e com um valor que cresce dia após dia”.

Os primeiros passos de Ettore Bugatti foram interrompidos pela Primeira Guerra Mundial, iniciaram-se nos anos 20 e foi nessa época que a Bugatti viu o seu nome tornar-se um dos mais conceituados do mundo automobilístico. Com o filho de Ettore Bugatti, Jean Bugatti, no comando da empresa, a marca desafiou a crise do mercado de ações de 1929 e continuou fabricando alguns dos automóveis mais desejados da década de 30, entre eles o Bugatti Type 55.

Em 1931 o Bugatti Type 51 assumiu a grande herança do Type 35, um dos automóveis de corrida mais bem-sucedidos de todos os tempos. Jean Bugatti não só criou o motor do Type 51, mas também começou a trabalhar numa versão dele para a estrada chamada de Type 55. A velocidade máxima era de 180 km/h, pode não parecer muito, mas naquela época não havia automóveis de estrada que atingissem velocidades tão elevadas, o produto foi bem aceito pelos clientes que procuravam um automóvel de alto desempenho. Ao mesmo tempo, apresentava um dos mais belos designs de carros esportivos, também idealizado por Jean Bugatti. A pintura bicolor, o perfil baixo e a linha de cintura pura não só dão uma impressão de elegância, mas também de força e velocidade. A Bugatti produziu 38 unidades do Type 55 com carrocerias roadster e coupe.

O automóvel em exibição é cortesia da Cité de l’Automobile, Museu Nacional (Coleção Schlumpf) de Mulhouse. O Type 55 roadster que está presente no Rétromobile tem o número de chassi 55215, foi produzido em 1932 e foi vendido e enviado para os Estados Unidos no mesmo ano. 30 anos depois, o seu terceiro dono americano, o famoso colecionador de carros Bugatti, John Shakespeare, vendeu o automóvel junto com outros modelos interessantes a Fritz Schlumpf, que trouxe esse Bugatti Type 55 azul e branco de volta às origens.

Em 1939 a morte de Jean Bugatti e o início da Segunda Guerra Mundial atingiram a marca de forma mais implacável do que a crise financeira da década anterior. Depois de fugir para Bordeaux da ocupação dos nazistas, Ettore Bugatti regressou a Molsheim assim que a guerra terminou. Durante a guerra, o negócio e a sua saúde não andavam nada bem, Ettore Bugatti acabou falecendo em agosto de 1947. O seu filho Roland Bugatti assumiu o controle da empresa, mas ao contrário do seu falecido irmão Jean, ele não contava com as habilidades nem o conhecimento necessário para tal gestão. Apesar das várias tentativas sem sucesso foi obrigado a vender a marca em 1963.

Enquanto a coleção de carros acabava nas mãos dos irmãos Schlumpf, os ferramentais e o know-how da empresa foram utilizados no desenvolvimento aeronáutico nas décadas seguintes. Em 1987 Romano Artioli trouxe de volta a Bugatti ao mundo dos automóveis, através da construção de uma nova fábrica em Campogalliano. O seu empenho deu origem a um automóvel extremamente exclusivo, o Bugatti EB-110, lançado em Paris no dia 15 de setembro de 1991, exatamente 110 anos após o nascimento de Ettore Bugatti. Esse automóvel tinha um motor 3.5 Litros V12 com 560 cv de potência e um torque máximo de 611 Nm. Esse foi o automóvel de produção mais rápido do mundo durante vários anos. Na versão Super Sport o Bugatti EB-110 atingia os 351 km/h.

Em exibição no Rétromobile está o Bugatti EB-110 GT cinza com o número de chassi ZA9 AB0 1S0 RCD3 9070, produzido em 1994. A sua jornada teve início na Europa passou para o Oriente Médio e agora voltou à Europa.

Após a produção de 139 unidades do Bugatti EB-110, a fábrica de Campogalliano teve que fechar portas. Outra situação da qual só uma grande marca consegue recuperar. Nas mãos do Grupo Volkswagen, a Bugatti voltou com força em 1998. A mudança de volta para Molsheim marcou uma importante decisão: construir o futuro da marca nos mesmos terrenos onde o seu fundador Ettore Bugatti criou o seu legado há 110 anos. Assim como acontecia no tempo de Ettore Bugatti, todos os automóveis que saem da planta de Molsheim ocupam os lugares do topo no mercado automobilístico.

Desde 2005 que todos os automóveis esportivos da Bugatti são montados no Atelier de Molsheim desde o Bugatti Veyron 16.4 e os Chiron, Chiron Sport e Divo. Todos os modelos têm um caráter diferente, com uma notável semelhança, o exclusivo motor 8.0 litros W16 quad-turbo.

“Não há atalho para a tradição. A tradição é algo que se ganha através do trabalho árduo durante um longo período de tempo. Isso é algo que nos agrada, até porque estamos comemorando o 110º aniversário em Paris, país onde nasceu a marca. Estamos incrivelmente orgulhosos da nossa história, da nossa origem e da nossa identidade francesa”, explicou o CEO da Bugatti, Stephan Winkelmann. “Tradição e legado são um enorme privilégio, mas também uma responsabilidade ainda maior no futuro, em que pretendemos manter o nome e a marca Bugatti e construir um futuro forte e sustentável”.