Notícias

O ano era 1910. As cidades americanas começavam a pulsar ao ritmo das buzinas, o automóvel já deixava de ser curiosidade de feira e passava a fazer parte da paisagem urbana. E, entre os símbolos dessa transição, um nome voltava a ecoar com força: Ford. Depois do sucesso do Model N e do estrondoso impacto do Model T, a marca de Henry Ford ainda mantinha vivo um espírito de experimentação e refinamento - e o Model A Phaeton de 1910 é um belo reflexo dessa fase de consolidação e ambição.

Importa lembrar que este Model A não é o famoso relançamento de 1927, mas sim o primeiro carro produzido em série pela Ford Motor Company, ainda em 1903, e cuja linhagem foi evoluindo até chegar ao elegante Phaeton de 1910. Este modelo representava a maturidade de uma ideia que vinha sendo lapidada desde o nascimento da empresa: criar um automóvel robusto, funcional e capaz de atender tanto o uso urbano quanto o das longas estradas poeirentas do interior.

O Model A Phaeton trazia um motor de 2 cilindros horizontais opostos, entregando cerca de 8 cv de potência, o bastante para mover sua carroceria leve a pouco mais de 45 km/h. Pode parecer modesto, mas em 1910, essa velocidade era sinônimo de liberdade - e o som do motor, um hino à modernidade. A transmissão por corrente e a direção por alavanca evidenciam um tempo em que dirigir ainda exigia certa dose de coragem e engenhosidade.

Mas o grande encanto do Phaeton estava em seu estilo. A carroceria aberta, com linhas graciosas e assentos de couro expostos ao vento, simbolizava a alegria de viajar sem pressa, saboreando o caminho. Era o carro das famílias abastadas que queriam sentir o futuro chegando, mas também dos aventureiros que viam nas estradas de terra um convite à descoberta.

Produzido em um momento de transição dentro da Ford - quando a marca passava da pequena oficina para o império industrial - o Model A Phaeton marcou a consolidação da identidade da empresa. Ele não apenas ajudou a financiar o sonho do Model T como também pavimentou o conceito de carro para todos, com qualidade e acessibilidade.

Hoje, um Model A Phaeton de 1910 é mais do que uma raridade mecânica; é uma cápsula do tempo que guarda o perfume das primeiras manhãs automobilísticas da América. É o som metálico das engrenagens se misturando ao entusiasmo de uma era que aprendia a acelerar.

E assim, entre o ronco suave do motor e o vento no rosto, o Phaeton simboliza aquele momento mágico em que o automóvel deixou de ser uma promessa - e tornou-se realidade.