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O Mercedes-Benz SL que conhecemos hoje em dia, na verdade nasceu como um esportivo ultratecnológico na época e destinado às competições. Tratava-se do 300 SL, apelidado de ‘asa de gaivota’ ou Gullwing. Ele não só foi um sucesso esportivo, como também muito bem sucedido nas vendas. Aproximadamente 1.400 unidades daquele radical esportivo foram comercializadas em todo o mundo.

Precisamente esse sucesso foi o que propiciou o surgimento do Mercedes-Benz 300 SL Roadster, uma versão aberta e mais civilizada do esportivo. Perto de 800 exemplares do 300 SL Gullwing terminaram nos Estados Unidos, e foram esses clientes que demandaram uma versão aberta do modelo.

Somente três anos após haver sido apresentado o primeiro modelo, a Mercedes-Benz surpreendia a todos com a escultural figura da versão roadster em Genebra. Esse modelo foi um sucesso, e foi o que pavimentou as bases do que conhecemos hoje em dia como a linha SL atual. A verdade é que se passaram tantas décadas, nada menos que seis, e o conceito original foi bem desvirtuado, e nos dias de hoje só o Mercedes-AMG GT C Roadster pode ser considerado como um verdadeiro sucessor espiritual dos SL originais.

Atualmente, a linha Mercedes-Benz SL representa o espírito Gran Turismo no catálogo da marca alemã. Comparados com os mais recentes AMG GT, os SL são maiores, mais pesados e menos capazes dinamicamente. Na verdade, o AMG GT eclipsou completamente o Mercedes-Benz SL, que era a única opção esportiva da linha regular.

Tanto o 300 SL coupe como sua versão roadster eram veículos muito avançados para sua época. O Gullwing nasceu em 1954 com um complexo chassi tubular, o que obrigava a instalação das célebres portas de abertura vertical, e a versão roadster contava com uma evolução desse chassi.

O Roadster não era tão leve nem radical como o coupe, já que evidentemente seu propósito era outro. Assim, a versão aberta ganhou cerca de 120 quilos de peso adicionais, ficando em 1.395 quilos. Sua própria carroceria era mais cuidada esteticamente, tomando os traços principais do Gullwing, mas adotando-os de uma maneira mais elegante, com os novos faróis retangulares e verticais tornando-se sua marca de identidade própria.

Quando chegou ao mercado substituiu o Gullwing, que acabou desaparecendo no mesmo ano. Mas nem por isso os clientes sentiram falta do coupe, já que o novo Roadster seguia contando com o motor de 6 cilindros em linha de 3.0 litros com injeção mecânica Bosch, que produzia nada menos que 215 cv e 273 Nm, o que lhe permitia atingir os 210 km/h. Era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em pouco mais de 7 segundos.

Curiosamente, embora não fosse tão radical como seu antecessor fechado, além de mais pesado, o 300 SL Roadster era considerado melhor a nível dinâmico que o coupe. O bem elaborado chassi de tubos herdado do coupe havia evoluído, assim como o próprio sistema de suspensão independente nas quatro rodas, herança direta do 300 SL Gullwing. A introdução dos freios a disco em 1961 fez com que a versão conversível levasse certa vantagem nesse aspecto em relação a seu antecessor.

É preciso levar em conta também que o Roadster não foi concebido com as corridas em mente, como o modelo de 1954, portanto, ele não só era mais confortável e acolhedor, como sua condução não era tão exigente como a do coupe.

O 300 SL Roadster esteve em produção até 1963, recebendo pelo caminho poucas atualizações, como um novo bloco de motor em alumínio, que ajudou a baixar o peso do conjunto, os então novos freios a disco e inclusive um teto hard-top. No total foram fabricados 1.858 exemplares, o que derivou em uma linha fixa de modelos que chegou até o dia de hoje na forma dos SL, embora seu espírito original tenha sido resgatado recentemente com a linha AMG GT.

Nestas seis décadas, o SL foi se transformando lentamente de um modelo pequeno e leve em um Gran Turismo, muito potente e também muito luxuoso e confortável, portanto, pesado e menos capaz dinamicamente falando. As próprias siglas SL significam, ou significavam, Sport Leicht em alemão (Esporte Leve), conceito ao qual se amolda melhor o atual AMG GT em qualquer de suas versões que o próprio SL atual.

Os exemplares iniciais do Roadster não são tão extraordinariamente valorizados como os 300 SL Gullwing, mas ainda assim, há exemplares que são cotados hoje acima do milhão de dólares.